Executivos e representantes do governo debatem o papel do Brasil na economia global

Painel apresentado na edição 2019 do Brasil Investment Forum teve debates sobre a associação do País à OCDE, o papel da OMC e a necessidade de consolidar reformas estruturantes

Um dos destaques na programação da quinta-feira (10/10) no Brasil Investment Forum 2019 (BIF), em São Paulo, foi o painel que debateu a inserção do Brasil na economia global. O debate abordou temas diversos como a possível entrada do País na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a relevância da Organização Mundial do Comércio (OMC) na resolução de conflitos e o atual momento do Mercosul e das agendas de possíveis acordos de livre comércio com outros blocos comerciais.

A moderação do painel foi de Fabrizio Opertti, Gerente de Comércio e Integração do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que iniciou o painel ressaltando a recuperação econômica do Brasil, com ênfase no fato de o País hoje ser destino de mais da metade dos investimentos estrangeiros diretos na América do Sul. Opertti então passou a palavra para o Secretário Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo.

Troyjo traçou um panorama sobre a situação do Brasil na economia global hoje, num contexto em que quatro grandes fatores devem ser levados em conta: os Estados Unidos seguem sendo um dos principais competidores do mercado; existe uma rivalidade comercial entre EUA e China; há uma competição por padrões de novas tecnologias; e o impacto da indústria 4.0 (ou economia 4.0) nos novos negócios. “O que temos no Brasil agora é um dia de sol e não de tempestade. A partir de 2020 vamos ter o Brasil em condições de desempenhar um papel mais central no comércio exterior”, acredita Troyjo.

Um dos pontos centrais da fala de Norberto Moretti, Secretário de Política Externa e Comercial e Econômica do Ministério das Relações Exteriores (MRE), foi a relevância do papel da OMC no novo contexto mundial. Para Norberto, o cenário em que o órgão foi criado mudou completamente, principalmente pelo crescimento do protagonismo chinês no comércio exterior nas últimas décadas. “Hoje a OMC vive um momento muito difícil, e talvez o elemento mais visível e urgente dessa dificuldade é que em poucas semanas o órgão não terá mais como atuar no sistema de solução de controvérsias. Mas acredito que a OMC seguirá sendo fundamental, e o Brasil e a América Latina precisam atuar para criar um centro gravitacional no órgão que o distancie de qualquer polarização”, explicou Norberto.  

O senador norte-americano Rick Scott elogiou o Presidente da República, Jair Bolsonaro, por ter percebido em recentes encontros com o mandatário brasileiro um grande empenho em melhorar a economia brasileira. “Sei que muitas pessoas de negócios aqui estão extremamente otimistas, e há razões para isso. Não vejo motivos, por exemplo, para que o Brasil não se torne muito em breve o maior parceiro comercial da Flórida”, disse o político, que governou o estado norte-americano da Flórida por duas vezes. “Basta o Brasil fazer sua lição de casa: implementar reformas, reduzir o tamanho da estrutura de governo e olhar como se gasta o dinheiro. Isso não é fácil e será preciso muito suporte da sociedade comercial para que todo esse contexto ocorra”, disse Scott.

Lisa Schroeter, Diretora Comercial da Dow Chemical, destacou que o interesse em estabelecer um sistema regulatório saudável vai auxiliar nas metas de longo prazo do governo e fazer com que os investidores tenham um caminho mais fácil para investir no Brasil. “Além disso, essas reformas são elementos críticos para que o País postule o ingresso na OCDE”, disse.

Para Luiz Pretti, CEO da Cargill, a inovação é outro aspecto intimamente ligado à atração de investimentos, mas é necessário estar muito atento para o incremento do setor de infraestrutura no Brasil. “O investimento em inovação é fundamental para o Brasil continuar a ser parte de um celeiro do mundo. O País tem condições de ser um dos grandes competidores em tecnologia no mundo. Mas sem investimentos em infraestrutura e compromissos assumidos de médio e longo prazo, isso é muito difícil, pois os custos de logística são muito altos”, analisa.

Dinip Sundaram, CEO da Mahindra, também parabenizou o Governo Brasileiro pela forma como vem conduzindo as reformas. A companhia indiana emprega mais de 100 mil pessoas em todo o mundo e tem planos ambiciosos para o Brasil. “O que fizemos nos EUA nos últimos 35 anos é o que pretendemos fazer no Brasil em cinco anos”, contou Dinip durante o painel.

Assista à íntegra do Painel 2 – O Brasil na economia global: a agenda de inserção internacional

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